Eventos Drive-in
- Victor Araujo
- 23 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jun. de 2020
Vida Longa aos drive-ins?

Cinema no carro, show no carro e até rave e casamento no carro. A “solução drive-in” foi adotada por cantores, bandas e casas de eventos em pelo menos três países da Europa: Noruega, Dinamarca e Alemanha, entre o fim de abril e o começo de maio, para driblar as aglomerações de pessoas - e as restrições impostas por governos.
No Brasil, o primeiro grande show no estilo pode ser de Luan Santana. Segundo sua equipe, o sertanejo se prepara para fazer uma apresentação dessas ente os dias 12 e 13 de junho, em São Paulo. A data ainda não está confirmada porque ele depende de autorização para reservar um local, segundo a assessoria do cantor.
Até uma igreja em Bertioga, litoral de São Paulo, resolveu apostar no drive-in. O culto foi feito pela igreja “Rocha Eterna”, no dia 23 de abril, na garagem de uma rodoviária desativada. Mais de 170 carros participaram da cerimônia religiosa.
Para o presidente da Associação Brasileira de Promotores de Eventos, Doreni Caramori, a experiência europeia pode influenciar o mercado brasileiro a partir do segundo semestre: “São países que entraram na crise antes do Brasil. Então observar o que está acontecendo lá é um indicativo para o mercado nacional. Do ponto de vista de saúde e, também, do comportamento do consumidor.”
Os donos de cinema drive-in acreditam que o aprimoramento do serviço agora vai deixá-lo mais atrativo mesmo após a pandemia:
"As pessoas vão viver um dilema entre o desejo de voltar às atividades versus o medo de estar em risco em eventos. Mas mesmo sem o efeito do medo, os drive-ins têm muita chance de se consolidar por ser uma opção diferente e que mais pessoas terão oportunidade de conhecer”.
O que dizem os médicos?
O G1 ouviu três médicos epidemiologistas para entender se a reunião de tantas pessoas, mesmo dentro de carros, pode causar a transmissão do vírus.
A resposta não é tão simples e nem consensual. Os especialistas defendem que apenas pessoas que dividam a mesma casa podem estar no mesmo carro. Não é recomendável abrigar amigos, conhecidos ou parentes que não morem na mesma casa.
Estar dentro do carro também não anula os cuidados básicos para a prevenção do coronavírus: uso de máscara e higienização das mãos com álcool gel.
Para Leonardo Weissmann, médico consultor da Sociedade Brasileira de Epidemiologia, drive-ins não são indicados para os países que têm registrado aumento nos casos de Covid--19, doença causada pelo novo coronavírus.
O Brasil, que tem mais de 200 mil casos da doença, é um deles, segundo o médico. Mas mesmo em países com poucos casos, ou que já tenham passado pelo pico de contágio, ainda é recomendado o distanciamento social, defende.
É muito difícil que o vírus passe pelo ar de um carro para outro, diz Oliver Nascimento, médico e professor da disciplina de pneumologia da escola paulista de medicina da Universidade Federal de São Paulo. “Mas dentro do carro, a distância mínima não é cumprida. Se uma pessoa estiver fora do carro, vendendo comida ou oferecendo outros serviços, já oferece risco”, ele diz.
André Ribas, epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic, diz que não vê problemas neste tipo de evento. “Se os carros mantiverem um espaço pequeno do vidro aberto, para que haja circulação de ar, as eventuais partículas de aerossol não conseguem entrar." (Matéria do site G1.globo.com)
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